25/11/2011

tahrir, uma praça feita para a revolução

Não bastasse já ter entrado para a história das lutas populares, durante os vibrantes levantes de fevereiro, eis que na última semana o povo egício consagra novamente a Praça Tahrir como centro de sua resistência ao autoritarismo e, quiçá, como símbolo do avanço dos povos rumo a um nova ordem política e econômica para  a toda a humanidade.

Aqueles que não se impressionam e não se comovem  com a imagem abaixo, e com toda essa saga do povo egípcio, é porque já perderam há muito tempo a faculdade,  não apenas de sonhar, mas de compreender que os homens sempre podem reinventar-se - ou, infelizmente, talvez  nunca tenham podido exercer essa faculdade do sonho e do entendimento, anestesiados pelo medo, pela apatia e pela comodidade de uma postura fácil e simplista perante o mundo que lhes acolhe.
Vale ler também os dois breves textos de Carta  Maior, logo após a imagem.
a praça tahir, em 22.11, 
 literalmente tomada pelo heróico povo egípcio

TAHRIR ESTÁ TOMADA POR UMA MULTIDÃO SEMELHANTE À QUE DERRUBOU MUBARAK ** é fim de tarde no Cairo** seis passeatadas vindas de bairros distantes despejam milhares de pessoas na praça** o ex-diretor da Agencia de Energia,ElBaradei, chega a Tahrir: o anúncio do seu nome causa emoção** Tahrir é o centro de uma revolução** é a partir dela que a agenda política se move no Egito** Tahrir deslocou o eixo do poder, dos gabinetes e quartéias para as ruas: a Irmandade Muçulmana não sabe mais se negocia com a ditadura militar ou engrossa a manifestação**a praça política mais consequente do mundo já não pode mais ser ignorada porque seus protagonistas não definham, nem recuam, com bombas ou tiros** Tahrir, só calará quando não for mais preciso gritar, como hoje: 'Fora o Marechal!'** Tahrir é uma escola política que atualiza a pedagogia dos levantes populares no século XXI. carta maior, 25/11/2011

Tahrir, a praça-escola do mundo
A vida política não dorme no Cairo. Recuo da Junta Militar, que promete antecipar as eleições presidenciais e entregar o poder aos civis até junho de 2012, não afrouxa a vigília das multidões nas ruas da cidade. Foi uma vitória parcial. Mas a revolução egípcia persegue alvos plenos. Nada muda a determinação da nova praça política do mundo: Tahrir quer a democratização do Egito e seus protagonistas aprenderam a conduzir a História com as mãos. Mais que isso: tem organização cada vez mais sofisticada para isso. A instalação de hospitais de campanha nas ruas para socorrer vítimas da repressão evidencia uma estrutura de coordenação política --e uma harmonia entre meios e fins, progressivos e certeiros-- muito superior ao mito da 'revolução digital'. Tahrir é a praça-escola para os indignados do mundo. carta maior, 23/11

Um comentário:

  1. Valeu, Roberto. Essa discussão sem tabus ou agenda é o que proponho. No Ocupa, se alguém chega apoiando o PT, por exemplo, é quase que linchado - mesmo que esse partido tenha feito ampla redistribuição de renda em sua gestão e continue com vários programas de inclusão que deveriam ser considerados na hora de discutir política. Só nos apresentam o lado que, para o pessoal do partido que articula o Ocupa, é negativo, o que acaba igualando esse tipo de oposição à que é feita pela direita e sua mídia associada, que problematizam até os acertos. Quanto a uma nova forma de fazer política, é uma discussão antiga e resvalosa: para termos uma nova forma de participar e decidir coletivamente, o interesse, conhecimento e capacidade de expressão das pessoas sobre esse assunto teria que ser mais homogêneo. Alguns têm bem pouco interesse em participar coletivamente o tempo todo - basta notar que reuniões de condomínios e sindicatos, ainda que periódicas, têm audiência bem menor que qualquer jogo da segunda divisão. Outros se alienam das questões coletivas por outras razões, outros ainda não se dispõem a atuar coletivamente e expressar-se em público. Nada, também, impede que um grupo consiga estabelecer alguma forma de influência ou hegemonia sobre o coletivo, mesmo em um processo partilhado de decisões. Isso ocorre, a meu ver, nos Ocupa.

    ResponderExcluir