23/11/2011

crônica da barbárie anunciada -1

*Portugal: centrais sindicais intensificam convocação para a greve geral de amanhã, dia 24, contra as políticas de arrocho** Alemanha só consegue vender 65% dos títulos públicos que ofereceu ao mercado nesta 4ª feira** investidores fogem do euro e impõem juros crescentes aos Tesouros

**caíram Berlusconi, Papandreu e Zapateros; ascenderam tecnocratas ungidos pelos mercados e a direita embolorada espanhola.** Nada mudou**bancos cortam financiamentos; o crédito seca; a produção desfalece; o emprego míngua**Ásia cresce pouco** AL perde fôlego rápido --inclusive o Brasil (mas tucanos protestaram pelo corte da Selic)** Europa rasteja e EUA andam de lado** não há contraponto político à governança dos mercados: eis o cerne da crise. (transcrito de carta maior, 23/11/2011)

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O pequeno mas incisivo texto de Carta Maior, acima,  mostra com exatidão o território movediço em que os movimentos Ocupa estão marchando. Não há garantias de vitória pelo simples fato do movimento em si, pelo advento de uma Rebelião Planetária.

O tempo urge, a barbárie espreita. Já se fala com mais frequência na velha solução encontrada pelo capitalismo para por fim às suas crises: as guerras, que, apesar de seu horror e insanidade, tem toda uma lógica necessária e benéfica para os comandantes do capitalismo: dinamizam a economia na destruição de países, povos e vidas, e novamente dinamizam a economia no momento da reconstrução desses países arrasados, livrando mais uma vez o capitalismo de suas inevitáveis contradições e crises - até a próxima grande crise e próxima grande guerra?
Não se trata de paranóia, teoria da conspiração e que tais. Basta ir até a obra de marxistas e de outros analistas lúcidos. O movimento Ocupa precisa ter em mente esse horizonte de insanidade e horror que é a possibilidade de uma guerra. Não que ele seja capaz de, por si só, apenas pelo seu advento, frear mais essa marcha rumo à catástrofe.

Não, contra a barbárie, sozinho, esse movimento, apesar de fascinante, ousado e virante, não será capaz de evitar a barbárie. Por outro lado, é a única iniciativa, em escala planetária, que pode disparar de fato o sinal de alerta entre pessoas  e povos, é a única força capaz de provocar ao menos o  iníco do despertar dos povos.

Por isso, a sua responsabilidade é bem maior do que parece a princípio.
Não se trata de apenas reviver utopias perdidas lá na década de 70.
Nem se trata apenas de defender a democracia e a cidadania ameaçadas pela brutalidade doentia dos comandantes do sistema financeiro. 
Também não se trata somente de propor, para pessoas e povos,  um modelo opcional de civilização, de organização econômica e de participação política. Pois não existem opções para a humanidade: é despertar e mudar radicalmente, ousadamente, ou despencar no abismo mais uma vez, e num abismo dessa vez vez muito mais fundo e mais perigoso - pois depois do destrutivo horror da guerra, com certeza se consolidará de vez um estado policialesco em escala planetária, maquiado por aparatos tecnológicos e seduçoes consumistas.

Para o movimento planetário, que ora dá os seus primeiros passos e que talvez venha a se consolidar como uam verdadeira greve planetária,  o desafio é ainda maior: trata-se e evitar a barbárie anunciada nos quatro cantos do mundo.

(continua)

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